Anais VII Fórum NEPEG de Formação de Professores de Geografia - page 114

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No entanto, outras pessoas podem passar suas memórias como nós as
“herdássemos”. Issoocorrepormeiode instrumentosdemediação.Masdomes-
momodo, são passadas dentro de quadros sociais, e interpretadas sobre nossa
forma, como explica apassagemdeHalbawacsh (1990p. 25).
Chego aprimeira vez emLondres, epasseio comvárias pessoas, ora comumora
com outro companheiro. Tanto pode ser o arquiteto que atrai minha atenção
para o edifício, suas proporções, sua disposição, como pode ser o historiador:
aprendoque tal rua foi traçada em tal época, que aquela casa viunascer umho-
mem famoso, que ocorrem aqui ou lá, incidentes notáveis.Comumpintor, sou
sensível à tonalidadedosparques, á linhadospalácios,das igrejas, aos jogosde luz
e sombrasnasparedes fechadasdeWestmisnter, doTemplo sobreoTâmisa.Um
comerciante,umhomemdenegócios,mearrastapeloscaminhosmaispopulosos
dacidade,detenho-medianteas lojas,das livrarias,dosgrandesestabelecimentos
comerciais.Masmesmoque seeunão tivesseandadoao ladodealguém, bastaria
que tivesse lidoasdescriçõesdacidade, compostosde todosessesdiversospontos
devista;queme tivesseaconselhadoaexaminar taisde seus aspectosou, simples-
mente, que dela tenha estudado a planta. Suponhamos que passei só. Diremos
quedessepasseio eunãopossa guardar senão as lembranças individuais, quenão
sejasenãoasminhas?Nãoobstante,passei sósomentenaaparência.Passandopor
Westminster, pensei noquehavia sidoditoporumamigohistoriador (ou, oque
dá nomesmo, no que havia lido sobre ela em uma história). Atravessando uma
ponte, considerei o efeito de perspectiva que um amigo pintor havia assinalado
(ouqueme avia surpreendido, numquadro, numa gravura). Eumedirigi, orien-
tado pelo pensamento demeu plano. A primeira vez que fui à Londres, diante
de Saint-Paul ouMansion-House, sobre o Strand, nos arredores de Court’s of
Law, muitas impressões lembrava-me os romances deDickens lidos emminha
infância: eupasseavaentãocomDickens.Então todosessesmomentos, em todas
essas circunstâncias, nãopossodizerqueestava sóque refletia sozinho, jáqueem
pensamentomedeslocavade tal grupoparaoutro, aquelequeeucompunhacom
esse arquiteto, alémdeste, com aqueles, dos quais ele era interprete junto amim,
ouaquelepintor (ou seugrupo), comogeômetraqueaviadesenhadoesseplano,
ou como romancista.Outros homens tiveram essas lembranças em comum co-
migo.Muitomais, elesme ajudam a lembrá-las: paramelhorme lembrar, eume
voltoparaeles, adotomomentaneamente seupontodevista, entroem seugrupo,
doqual continuo a fazerparte, pois sofro ainda seu impulso e encontro emmim
muitas das ideias emodode pensar a que não teria chego sozinho, e através dos
quaispermaneço em contato com eles.
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