Anais VII Fórum NEPEG de Formação de Professores de Geografia - page 116

116
| ANAIS - VII FórumNEPEGde Formaçãode Professores deGeografia
Os “cenários” não são imutáveis, ou deterministas sobre nossa forma de
pensamento.Mas servem como pontos de partida para interpretação de novas
experiências.Elesoportunizamo trabalho,possibilitam transformarascondutas
cotidianas,ocorrendopormeiodaconstruçãodeuma sínteseentrequestões sen-
sórias e simbólicas inseridasnosdiversos “cenários” construídospelo indivíduo.
Middleton eBrown (2006), apontaqueBartlett enfatizaa trocada expe-
riência pormeio da conversa na construção e reconstrução dos “cenários orga-
nizados”. Durante nossas conversas acrescentamos significados simbólicos que
não estavampresentesno “cenário”, damesma forma excluímos reinterpretamos
outros.Colocamosnossas impressões àprovadooutro concordarounão, nego-
ciamos as impressões semquenospreocupemos com a exatidão.
No entanto, existem problemas impessoais em relação à narração da ex-
periência. Benjamin (1987) falada incapacidadedohomemnarrar experiências
tradicionais devido às mudanças do mundo impostas pela técnica, causando
umabarbárieque épautada emnovos valores culturais.
Gagnebin (1999p. 59) comenta sobre a experiência epobrezadeWalter
Benjamin:
APrimeiraGuerramanifesta, como efeito, a sujeiçãodo indivíduo ás forças im-
pessoais e todo-poderosas da técnica, que só faz crescer e transformar cada vez
maisnossas vidas demaneira tão total e tão rápidaquenão conseguimos assimi-
lar essasmudançaspelapalavra.
A incapacidade de narrar experiências tradicionais leva a “barbárie”, que
causa uma perda de sentido na vida. Benjamin (1987, p. 116) comenta sobre:
“Ela o impele a partir para frente, a começar de novo, a contentar-se com pou-
co, a construir com pouco, sem olhar nem para direita e nem para esquerda.”
Por outro lado, traz como soluçãonovos valores individuais, uma característica
intrínsecadocapitalismo.Gagnebin (1999p. 59),nosmostra sobrea fugado in-
divíduoburguêsnaduranteofinal do séculoXIXemconsequênciadabarbárie.
O indivíduo burguês, que sofre uma espécie de despersonalização generalizada,
tenta se remediar estemal porumaapropriaçãopessoal epersonalizada redobra-
da de tudo que lhe pertence no privado: suas experiências inefáveis (Erlebnisse
(vivência)), seus sentimentos, suamulher, seusfilhos, sua casa e seus objetos pes-
soais.
Seguindo,Gagnebin (1999)mostra a análise deBenjamin sobre as casas
dosburgueses, onde tudoqueconstituíaodomicílio tinhaa funçãode ressaltara
1...,106,107,108,109,110,111,112,113,114,115 117,118,119,120,121,122,123,124,125,126,...718
Powered by FlippingBook