VII FórumNEPEGde Formaçãode Professores deGeografia - ANAIS |
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Os quadros sociais dizem respeito ao arquiteto, quemostramos prédios;
ao historiador, ao relatar fatos e ruas; ao pintor, ao perceber a tonalidade dos
parques.Cadaummostraaquiloqueéde interesse.Quandopassamos e lembra-
mos tais fatos, consideramos as lembrançasherdadas,mas interpretadasdeoutra
forma, dentrode contextosdiferentes, interferindo emnossamemória.
Mesmo não sendo de forma oral asmemórias são passadas e incorpora-
das, comoéoexemplodapintura, aplantadacidadeouo romance.As lembran-
ças, sãopassadasparaaspessoaspormeiodediversos instrumentosdemediação,
que as interpretamde acordo com seuquadro social, atribuindonovos sentidos,
novas significações.
Em uma perspectiva da psicologia social (Bartlett, 1932), destaca que a
memória é construída em um processo de atribuição de significados, razões e
intenções, no qual ele desenvolveu o conceito de “cenário organizado”, que de
acordo comMiddleton eBrown (2006p. 77), é:
Um “cenárioorganizado” é, portanto, um complexo abrangendo a cognição e o
âmbito emocional que está localizada nas, e é dependente das, particularidades
culturais do ambiente local.Desta forma, não épossível estabelecer uma separa-
ção clara entremental e social.
Santos (2003,p55), fundamentadaemBartlett, falaqueparao indivíduo
se lembrarde algo, antes temquepercebê-lo.
[...] o que denominamos usualmente de percepção é, em grande parte, reme-
moração, pois o indivíduo utiliza aquilo que já guardou de experiência passada
quando recebealgonovo, sem sedar contadequepreenchecom sua imaginação
as ausênciasou falhaspresentes em imagens adquiridas anteriormente.
Desta forma, quando andamos por algum lugar, lemos algo, apreciamos
uma obra de arte, escutamos alguém, buscamos significado com referências em
experiênciaspassadas.
ParaMiddleton eBrown (2006p. 77) o “esquemaorganizado” integra a
mente individual como ambiente,mostra a relação entre cognição, afeto e sím-
bolos culturais. Possibilita que omundo seja concebidopor nós de formamais
estável, nãonos forçando a se ajustar as características particulares do ambiente
demaneira tão drástica. Nesse sentido, construímos diversos “cenários organi-
zados”, possibilitando a reflexão sobre a relação entre eles.