VII FórumNEPEGde Formaçãode Professores deGeografia - ANAIS |
215
Mas,háoutras intervençõessociaisaseremconsideradasnestaperspectiva
daapropriaçãodo rio.Muitos/asheitoraienses tornaram-seproprietários (ainda
quepequenos)deumpedaçode terranabeirado rio, oquehoje se constitui em
sonho emeta das populações das grandes cidades e das regiõesmetropolitanas,
como formadeescapardo tempoestressadoe fragmentadourbano. Isso, aomes-
mo tempo emque legitima esseusodo rio-mercadoria, impõenovas reflexões.
Os/as novos/as proprietários, por exemplo, disputam com amata ciliar
um “lugar ao rio”, gerando desafios no âmbito do controle socioambiental. No
entanto, esse jogo é complexo epodeparecer contraditóriopelas análises apres-
sadas. Seosmoradoresda regiãonãoocuparem esse lugar, as empresas egrandes
fazendeiros certamenteo farão e jáo fazem emoutras extensõesdo rio, comoos
empreendimentosde irrigaçãodas lavourasdecana,queabastecemasagroindús-
trias canavieiras,mercantilizando suas águas.
Por outro ângulo, seo comércioda terra anima a especulação imobiliária
geralmentedestituídadepudores e compromissos ambientais, há também ane-
cessidade de preservar.Nesse sentido, alguns desses proprietários se ocupamde
repor a vegetaçãonativa, amenizandoo assoreamento eo alargamentodestruti-
vodo leitodo riopelas erosões. Sabe-se, também, que ouso intensodo sistema
de irrigação para lavouras pelo agronegócio é uma ameaça constante à “saúde”
doUru. Esse assunto foi bem explorado pelos/as trilheiros/as, que a cada tre-
chopercorrido, puderamperceber asmúltiplas identidadesdo rio.Acaminhada
prosseguiu comdesenvoltura e ascendência.Quantomais distância percorrida,
maior se tornavao envolvimentodos/as estudantesno tema.
Osdesdobramentosdessaatividade transformavamaospoucososolhares
e as percepções de todos.Muitos participantes da trilhanasceram e sempremo-
raram emHeitoraí/GO. Cresceramparticipando das sociabilidades que envol-
vemosusoseatividades festivasem tornodoRioUrue, talvez, aindanão tinham
refletido sobre omodode existir do rioou em como suas vidas estão entrelaça-
das. Há uma relação identitária de pertencimento entre a sociedade local com
esse rio. As águas que formam suas correntezas também carregam fragmentos
de memórias, histórias e símbolos. Podemos afirmar: o RioUru é um
Rio de
pertencimento
.ATrilhapôde revelar essaverdade!
trole da água, assim como as demais etapas da cadeia produtiva, comercialização etc. De forma consorciada,
dispor de terra e água,mais ainda, controlá-las, possibilita ao capital condições para apráticada irrigação, oque
reforçae intensificaaexpansão territorial sobreasmelhores terrasparafinsprodutivos.”