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| ANAIS - VII FórumNEPEGde Formaçãode Professores deGeografia
nem sensitiva, ela é interpretativa e leva auma aprendizagemde conteúdo, para
alémdapercepção.
Melhor dizendo, ela pretende atravessar a percepção num sentido peda-
gógico, não sem antes apresentar as formas diversificadas de perceber omundo.
Por isso, a trilha interpretativa tem função pedagógica. Explicamos aos trilhei-
ros, também, que é como se fosse uma aula fora da escola, como exercício da
práxis
geográfica.Ummodode aprender a geografiado rio sem sedespregar da
geografiadavida, para aprender aolharomundo comosolhosdo rio:
Bem comparando, parece que participar de uma trilha interpretativa é como
aceitar o convite para dançar. Antes de iniciar omolejo dos ossos ao ritmo da
música, se ajusta o corpo namedida do parceiro que vai conduzir os rodopios
pelo salão: dançando se apreende omovimento; trilhando se aprende nomovi-
mento. Fazer trilhaé, também, apuraro silêncioparaouviro lamentoúmidodas
gotasde suorqueescorremporbaixoda roupa; édeixarospés conversaremcom
a terraondepisam (...). (LIMA;GONÇALVES;CARVALHO, 2013)
Comonos anos anteriores, a trilhanoVarjão teve como tema as águas, a
memória e a história do rioUru.OVarjão, bem conhecidona cidade, tem esse
nomeporcausadocapimquenascenaáreadevárzea.Elaamparaaságuasdo rio
no tempodaschuvas,masnaestiagem se ressenteda faltad´águaeexalaocheiro
dopófinoque se levanta a cadamovimentona estrada. Porém, naquelemês de
setembro, emplena e rigorosa seca, oVarjão se umedeceu com a força da cami-
nhada do trilheiros.Mais um pedaço da sua história foi marcada pelos pés an-
darilhos que, junto como rio, vão construindouma geograficidade (DARDEL,
2011)doUruedaspessoasquevivemali.Nãoéà toaquecreditamos forçapeda-
gógica à trilha, pois ela éumapropostade ensino- aprendizagem fundamentada
no corpoque semovimenta e com apalavraque se lança.
A extensão da trilha não pode ser exorbitante, pois o corpo caminhante
pode dispersar-se, pelo cansaço, dos objetivos pedagógicos. Assim, começamos,
napontadoVarjãoqueconduzo/acaminheiro/adaestradaprincipal atéaprai-
nha. Obrigatoriamente passamos pelas chácaras que ocupam sua planície. Esse
tipo de ocupação revela uma disputa contemporânea do rio, aomesmo tempo
territóriodepertencimentoede lazer, é, também, apropriadopelos interessesdo
agrohidronegócio
.
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2. Sobre o
agrohidronegócio
, Thomaz Júnior (2010, p. 97) explica que “o sucesso do agronegócio não pode ser
atribuído somenteà suafixaçãoà territorializaçãoe/oumonopolizaçãodas terras,mas tambémaoacessoe con-