Anais VII Fórum NEPEG de Formação de Professores de Geografia - page 279

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Comonos esclareceCorrêa (2000) o livrodidáticopodemnos revelar: “[...] as
práticasescolaresdediversosconteúdos,osobjetosmatérias,aarquiteturaosmo-
dosdepensar e a inculcaçãode comportamento, entreoutrasparticularidades.”.
O livrodidáticoéumobjetoderepresentaçãodaculturaescolar, trazcon-
sigoapontamentosdeumaépocaoudeuma sociedade,por ser intencionalmente
estruturado, assumindo um papel importante na práxis educativa, tanto como
instrumento de trabalho do professor, quanto como único objeto cultural ao
qual acriança tinha acesso no final do séculoXIX e início do séculoXX. Bit-
tencourt (2008) entende: “o livro didático como um produto produzido por
grupos sociais que, intencionalmente ou não perpassam sua forma de pensar e
agir, portanto, suas identidades culturas [...]”.
Ofinal do séculoXIX e iniciodo séculoXX émarcadopela transiçãode
uma sociedade escravista para um regime liberal, momentomarcado por rup-
turas de ideários a educacionais, que precisava ser reformulada para atender a
necessidadedanovaordemvigente.Aconcepçãodeescolaeafinalidadedaedu-
cação tinham comodesígnio formarum cidadãoque atendesse as conveniências
do Estado Liberal, que controlava o saber difundido pelo livro didático como
nos falaBittencourt (2008):
Oestabelecimentodaeducaçãoescolar foiplanejadoeacompanhadopelopoder
governamental, que passou a utilizar váriosmecanismos para direcionar e con-
trolar o saber a ser disseminado. Nessa perspectiva, o livro didático constituiu
instrumento privilegiado do controle estatal sobre o ensino e aprendizado dos
diferentesníveis escolares (p. 24).
Osmanuais didáticos foram objetos de discursões de parlamentares que
definiram sua criação e a composição do sistema educacional do novo Estado
que se formouepercorreunodecorrerdo séculoXIX.Coma implementaçãoda
ImprensaRégiao livrodidáticopassaa serproduzidonoBrasil, porém seguindo
modelos estrangeiros (franceses ealemães)queocasionavamdiversas críticasde-
vidoà escassezdematerial e aomodelo seguido, comoasdeGonsalvesDiasque
em seu relatório sobre as províncias doNorte eNordeste criticou a preferência
por livros estrangeiros e a falta de recursos para autores brasileiros, e propõe a
construçãodeobrasdidáticas “genuinamente”brasileiras. JoséVerissimo amplia
adiscursão sobre a tendêncianacionalista com aproposta:
Neste levantamento geral, que éprecisopromover a favorda educaçãonacional,
uma das mais necessárias reformas é o do livro de leitura. Cumpre que ele seja
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