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Essamudançaparadigmáticapode ser creditada, sobretudo adois fatores
que se complementam: o aumentoda população e a crise da produção agrícola
mundial.Dai brotaumacorridaà incorporaçãodenovas áreaspara implantação
de projetos agropecuários assim o “arcaico”, “atrasado” ou “vazio econômico”,
torna-se um atrativopara o grande capital que promove uma rápida desterrito-
rializaçãodospovos cerradeiros
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.
A cargodoEstadoficou a responsabilidade de construir a infraestrutura
necessária para os novos corredores de exportação, alémde garantir ofinancia-
mento dessa nova fase de exploração do território brasileiro. O Estado deu o
subsídionecessáriopara a expansãodo grande capital, mas “lavou asmãos” nas
décadas que sucederamquanto à realocaçãodos povos que efetivamenteocupa-
vam essa significativaparcelado territóriobrasileiro.
Aos povos indígenas, com opretextode que possuíamuma vocação im-
produtiva, pois a maior parte da subsistência provinha da caça, da pesca e da
coleta, restouoconfinamentoemTerras Indígenas -TIcom fronteiras limitadas
pelavontadeepela forçadabancada ruralista, noCongressoNacional.Aospro-
dutorestradicionaisquedificilmenteconseguemcompetircomocapitalprivado
nacional e internacional, principalmente odo agronegócio, ficouoprocessode
migração para os centros urbanos, única alternativa, após assistirem prevalecer
às sucessivasderrotaspolíticasna lutaporuma reformaagráriaqueassegurasseo
acesso apropriedadeda terra.
[...] da mesma forma que a população indígena não pode impedir a ocupação
das terras pelos brancos, tambémopioneiro tradicional não suportou a chegada
de um sistema produtivo que estava fora de sua cogitação. Essa nova produção
estava ligada aomercado externo, “criava” terraboade solos quase estéreis, usava
máquinas e podia pagar bem pelas fazendas ou simplesmente expulsar antigos
posseiros. (SILVA et al, 2013, p. 119).
Com se percebe, as pesquisas revelam uma face sombria da ocupação
doCerrado brasileiro, desconsiderada pela intensa propaganda promovida nos
meios de comunicação de massa financiada pelo governo e empresas agrícolas
3. Refere- as classes sociais que historicamente viveram nas áreas do Cerrado constituindo formas de uso e ex-
ploração da terra a partir das diferenciações naturais-sociais Experimentando formas materiais e imateriais de
trabalhodenotando relaçõesdeproduçãomuitopróprias eemacordo comas condições ambientais, resultando
emmúltiplas expressões culturais. Atualmente se configuram nos
trabalhadores da terra,
camponeses e de-
mais trabalhadores que lutampela terra epela reforma agrária, territorializando ações políticas contrao capital (
MENDONÇA, 2004, p. 29)
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